É hora de dar o salto.
Ficar suspensa pelas pernas que nunca mais acabam.
Bater com a cabeça no chão.
Comprimento a mais até para um abismo sem trampolim.
sexta-feira, março 21, 2008
sexta-feira, dezembro 28, 2007
E depois do adeus
Todos os dias te encontro e todos os dias me despeço de ti.
E a melhor parte do adeus que te digo é saber que depois voltarei a encontrar-te.
Ver-te chegar é consolo que baste para todas as despedidas.
E a cada reencontro cola-se aquele suspiro assassino de ansiedades.
"Ah, agora já posso respirar..."
E a melhor parte do adeus que te digo é saber que depois voltarei a encontrar-te.
Ver-te chegar é consolo que baste para todas as despedidas.
E a cada reencontro cola-se aquele suspiro assassino de ansiedades.
"Ah, agora já posso respirar..."
sábado, outubro 13, 2007
Não, obrigada.
Ontem fugi de ti a sete pés.
Vai morrer longe,
sentimento distante de euforia.
Foge para onde te esperam!
Guarda-te para aqueles
a quem não resta nada
senão um rasgo de loucura
a prolongar-lhes a vida.
Aqui não entras,
euforia de saltos e palmas
a transbordar da alma para o chão.
Não te quero aqui.
(Ah!, estes masoquismo e plágio conscientes!)
terça-feira, setembro 25, 2007
No consultório
- Vamos ter que operar.
- Mas é mesmo necessário, senhor doutor?
- Sim, não há outra solução.
- E uma nova lua de mel?
- Hum… Está a sugerir uma cura através de medicinas alternativas?
- Estou.
- Hum… Devo dizer que isso me deixa um pouco ansioso…
- Ansioso? Porquê?
- Ora, vejamos. Já experimentámos quase tudo o que havia na medicina convencional. Está mesmo convencido de que umas sanguessugas, ventosas, agulhas ocas são solução?
- Não há nada como experimentar…
- Sugiro uma lobotomia.
- Não sei, senhor doutor, não sei…
- É a última tentativa, prometo. Depois disso, se não resultar, pode comprar, então, dois bilhetes para Varadero, Cuba.
quinta-feira, setembro 20, 2007
morte lenta
Falta pouco. Mas este pouco é um pouco que vem a pouco e pouco. É um pouco que tarda e, mesmo reconhecendo-se que é pouco, é um pouco que sabe a tudo menos a pouco. Um pouco muito curto, mas para o qual me pesam tanto as pernas.
terça-feira, setembro 18, 2007
Achas que sim?!
Comovem-me certas tentativas desesperadas de reconciliação com nós próprios. O que me dá a volta ao estômago é usar quem prejudicámos nessa auto-reconquista.
- E agora, que já estou aliviado, queres ser meu amigo?
- FUCK OFF!
segunda-feira, setembro 03, 2007
inspiração circense
Corto-me ao meio, desapareço, disfarço-me.
Sempre os mesmos truques na manga.
Desta cartola não saem senão coelhos
e cadeias de lenços atados que não acabam.
Ilusionista outra vez.
Nada na mão, nada na manga
e eis que afinal está cá tudo.
E agora vou ali cortar alguém em três.
Sempre os mesmos truques na manga.
Desta cartola não saem senão coelhos
e cadeias de lenços atados que não acabam.
Ilusionista outra vez.
Nada na mão, nada na manga
e eis que afinal está cá tudo.
E agora vou ali cortar alguém em três.
música, maestro!
Foram-se os violinos, trombones, violoncelos, clarinetes, contrabaixos.
Ficou o maestro e a sua batuta.
Pam, pam, pam
(a voz a marcar compasso)
toc, toc, toc
(levanta a ponta do pé do chão e torna a pousá-la, repetidamente)
zzzt, zzzt, zzzt
(a batuta a ceifar o ar)
Ao final do dia, depois do último rasgão de batuta,
vira-se de costas para a orquestra vazia,
(cabelo em desalinho como um maestro deve ter)
faz uma vénia,
agradece
e adormece.
Ficou o maestro e a sua batuta.
Pam, pam, pam
(a voz a marcar compasso)
toc, toc, toc
(levanta a ponta do pé do chão e torna a pousá-la, repetidamente)
zzzt, zzzt, zzzt
(a batuta a ceifar o ar)
Ao final do dia, depois do último rasgão de batuta,
vira-se de costas para a orquestra vazia,
(cabelo em desalinho como um maestro deve ter)
faz uma vénia,
agradece
e adormece.
Subscrever:
Mensagens (Atom)